domingo, 4 de abril de 2010

O índice Bovespa


Ao invés dos últimos posts que falamos dos comentários da semana, resolvi escrever hoje sobre algo mais conceitual sobre o índice Bovespa, visto que agora no começo do mês teremos a mudança das empresas que compõe o índice. Espero que achem interessante...

Em primeiro lugar, devemos saber o que é o índice, como ele é composto e como foi criado. O Ibovespa foi criado em 1968 e desde então é formado pelas 66 ações que possuem o maior volume negociado nos últimos 12 meses, sofrendo alterações a cada 4 meses. É importante destacarmos que cada ação possui um determinado peso dentro do índice, e esse peso está de acordo com o seu volume negociado.

Quando criado, o índice tinha o valor-base de 100 pontos, que significavam 100 unidades monetárias, capazes de comprar uma certa quantidade de cada ação, de acordo com o seu peso. Assim, por exemplo, caso as ações da Vale representassem 20% do índice Bovespa, utilizaríamos 20 unidades monetárias para comprarmos ações da Vale. Desde então, a carteira se aprecia ou deprecia sem receber nenhum outro aporte, recebendo apenas acréscimo exclusivo de proventos gerados pelas ações.

Abaixo segue um gráfico histórico que mostra a valorização do Ibovespa desde 2004, notamos no gráfico, que dentre as crises que já passamos, a sofrida em 2008 foi uma das mais violentas com relação ao Ibovespa, quando o índice caiu de pouco menos de 70.000 pontos para os 30.000 pontos, recuperando-se no decorrer de 2009.





Uma grande crítica que o mercado faz com relação ao índice Bovespa é que ele não representa de uma forma muito correta as ações da Bolsa de Valores, pois um pequeno número de Companhias tem um peso muito grande dentro do índice, assim, quando as ações de uma dessas companhias sofrem uma forte queda por algum problema pontual, por exemplo, elas puxam o índice para baixo, mesmo quando a maioria das ações da Bolsa de Valores estão positivas.

Dentre as ações que possuem um maior peso no índice Bovespa, podemos destacar as ações da Vale que juntas (ON e PN) representam cerca de 9,1% do índice, as ações da Petrobrás (ON e PN) também tem um forte peso no índice, representando 11,1%. Outro destaque do Ibovespa são as ações da BM&F Bovespa que representam 9,4%.

Devido ao modo como as ações são selecionadas para compor o índice, outro assunto que é interessante analisarmos é a distribuição dos diversos setores do mercado no índice Bovespa. Abaixo temos um gráfico que mostra a porcentagem de cada setor dentro do Ibovespa, se olharmos com atenção, perceberemos que alguns setores como por exemplo o de Bancos e Serviços Financeiros tem um peso muito forte dentro do índice, enquanto outros, como por exemplo Açúcar e Álcool tem um peso bem menor. Isso também é uma razão de como o índice é calculado, selecionando as ações que possuem um maior volume de negociações nos últimos 12 meses.

Por último, acredito ser interessante mostrarmos (já tivemos um tópico sobre isso aqui no blog) uma correlação existente entre o Ibovespa e a variação do preço do dólar. No gráfico abaixo temos o preço do dólar e a variação do índice Bovespa desde o início do ano de 2008, notamos que ambos os dados possuem uma correlação inversamente proporcional. Ou seja, quando o índice Bovespa sofre uma queda, o preço do dólar aumenta e quando o índice Bovespa se valoriza, há uma desvalorização do preço do dólar.

O principal fator para essa correlação negativa é a entrada e saída de investidores estrangeiros dentro da Bolsa de Valores de São Paulo, quando o mercado está confiante, com a Bolsa se valorizando, há uma entrada capital estrangeiro no Brasil, dessa forma, temos mais dólares sendo vendidos, consequentemente, ocorre uma desvalorização do dólar perante o real. Entretanto, quando o mercado não está confiante vimos uma reação contrária, ou seja, há uma saída de investidores estrangeiros do Brasil, esses compram dólares e, devido a maior demanda, temos uma valorização do dólar.


Obs.: todos os gráficos foram feitos com dados retirados do economatica.

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