domingo, 29 de novembro de 2009

O que aconteceu em Dubai?

Nessa última semana, o mercado financeiro mundial passou por um grande susto. A empresa de capital estatal Dubai World, que está construindo todos os investimentos na cidade, desde os prédios de moradia, até o metrô anunciou ao mercado que precisaria de mais 6 meses para poder pagar suas dívidas, ou seja, declarou uma moratória.

Após esse anúncio, houve uma saída de capital das bolsas de valores de todo o mundo, principalmente no mercado asiático, onde estão os principais credores da Dubai World.

Como o mercado financeiro é extremamente globalizado, as ações brasileiras também foram penalizadas e sofreram uma queda. Entretanto, essa queda sofrida pela bolsa de valores brasileira não foi tão forte assim, e a Bovespa já mostrou uma recuperação no dia seguinte (sexta-feira passada).

Essa recuperação tanto do mercado brasileiro quanto do mercado europeu já no dia seguinte à declaração de moratória da Dubai World nos mostrou que esse problema não afetou tanto a economia mundial.

Entretanto, acho interessante para o tópico de hoje entendermos o porquê dessa empresa não estar conseguindo pagar suas dívidas, o que mostra que não obteve retorno nos seus investimentos.

Dubai, localizada nos Emirados Árabes, era uma cidade no meio do deserto que teve a sorte de estar numa região “lotada” de petróleo.

As famílias exploradoras de petróleo, que já enriqueceram muito, perceberam que não poderão se “sustentar” para sempre apenas com o petróleo, que mais cedo ou mais tarde a humanidade irá conseguir substituir grande parte da energia obtida através do petróleo por outros tipos de energia e que, consequentemente, perderão poder e dinheiro.

Para evitar isso, visando o longo prazo, resolveu-se construir uma cidade no deserto, um pólo de luxo e riqueza, e que fosse um ponto de ligação entre o Oriente e o Ocidente. A cidade a qual estamos falando é Dubai.

Essa cidade foi totalmente construída, nada nela é real, desde as ruas e prédios, até as praias em forma de palmeira (foto abaixo).


Com o início da construção da cidade e muito marketing envolvido, o governo de Dubai conseguiu criar um nome, uma marca, muitas pessoas famosas compraram apartamentos na cidade, essa passou a abrigar diversos torneios esportivos e começou a ser o tão falado ponto de ligação entre o Oriente e o Ocidente, a cidade onde a grande maioria dos aviões, por exemplo, faz sua escala.

Tudo estava indo como o esperado, entretanto, a crise do sub-prime apareceu e Dubai também sofreu as conseqüências. O baixo preço do petróleo fez com que a principal fonte de pagamento dos investimentos se reduzisse, somando-se o problema de liquidez, o qual o crédito ficou mais escasso e impedia que mais pessoas comprassem imóveis na região. E que com crise as pessoas viajam menos, reduzindo significativamente a quantidade de turistas (que gastam muito dinheiro) em Dubai.

Podemos afirmar que todas as fontes de recursos da Dubai World tiveram uma drástica redução na entrada de dólares, dificultando o pagamento de seus credores.

Ao acrescentarmos que essa é uma região que não possui nenhuma produção (além do petróleo), concluímos que estava claro que, em algum momento, isso iria acontecer. Tendo em vista que é muito difícil um país se financiar apenas do turismo e de gastos relacionados a isso.

Com relação ao mercado brasileiro, não acredito que seremos penalizados por essa crise em Dubai.

Em virtude do feriado norte-americano, na quinta-feira, ainda não conseguimos sentir realmente o humor dos EUA com relação a esse pedido, mas o Brasil já mostrou estar forte e os únicos que poderiam ter tido alguma perda com isso (os nossos grandes bancos) já declararam que não financiaram a Dubai World. Por isso, continuo acreditando que vale (e muito) a pena investir na Bolsa de Valores, claro com todos os cuidados possíveis.

domingo, 22 de novembro de 2009

Variação do câmbio

Um tópico que acredito ser bastante interessante para discutirmos essa semana é a relação do Dólar com Real visto que desde que a economia passou a ser mais integrada, todos os países são bastante atentos ao valor da sua moeda com relação ao Dólar (que é a moeda internacional) e aqui no Brasil isso não é diferente.

A importância do preço do Dólar com relação ao Real envolve muitos outros aspectos do que apenas o mercado financeiro.

Por isso, sempre que se discute o preço ideal para o Dólar temos diversos grupos querendo interferir nessa decisão, tentando, muitas vezes, influenciar o governo a favorecer o seu ponto. Assim, por exemplo, para os exportadores é mais vantajoso quando o preço do Real está desvalorizado, pois seus produtos ficam mais baratos no mercado internacional, ou seja, ficam mais competitivos. Já para os importadores é melhor quando o Real está valorizado, pois conseguem comprar mercadorias mais baratas no mercado internacional.

Com relação ao mercado de ações, o valor do Real está diretamente relacionado com a entrada e saída de investidores estrangeiros da Bolsa de Valores, isso significa que, geralmente, quando há uma entrada de investidores estrangeiros, o Real se valoriza perante o Dólar, visto que mais investidores estrangeiros estão comprando Real. Por outro lado, quando há uma saída de investidores estrangeiros o Dólar se valoriza e, consequentemente, há uma desvalorização do Real.

Além da relação da entrada e saída de investidores com a variação do Dólar, há uma relação entre o preço do Dólar e a variação do índice Bovespa.

Como podemos ver no gráfico abaixo, há uma correlação inversa entre o índice Bovespa e o preço do Dólar, ou seja, quando o Ibovespa sobe, há uma queda no preço do Dólar e quando há uma queda no Ibov, temos uma valorização do Dólar.

Isso ocorre pois temos uma correlação positiva entre o crescimento do Ibov e a entrada de investidores estrangeiros, ou seja, geralmente, quando o Ibov está positivo, estamos tendo uma entrada de investidores estrangeiros na Bolsa de Valores e, portanto, uma maior demanda de reais. Já quando o Ibov está negativo, temos o contrário, uma saída de investidores estrangeiros aumentando a demanda do Dólar.

Com essa pequena análise conseguimos entender um pouco da relação entre o mercado de ações e o valor do Real perante o Dólar. E, como já dissemos no começo do post, esse dado é de extrema importância não só para o mercado de ações, como também para a economia do país como um todo, por isso é olhado com extrema atenção tanto pelos investidores quanto por outros agentes econômicos.

domingo, 15 de novembro de 2009

Entendendo o Tag Along

Nos últimos posts fizemos comentários sobre como o mercado está se comportando, o que podemos fazer para aumentarmos os nossos rendimentos e como podíamos aproveitar a época de divulgação para comprarmos ações de determinadas empresas visando investimentos de curto prazo.

Para hoje, ao invés de fazermos um comentário pontual sobre o mercado, falaremos de um mecanismo que determinadas empresas possuem e que é muito bem visto pelos analistas e investidores, chegando a ser um diferencial entre duas empresas do mesmo setor.

O mecanismo que discutiremos hoje se chama Tag Along.

O Tag Along é um mecanismo de proteção aos acionistas minoritários (proprietários de ações ON) que garante a esses acionistas o direito de, quando houver uma mudança de controlador na Companhia, vender suas ações para o novo controlador por no mínimo um valor de 80% do valor negociado entre o antigo e o novo controlador.

Isso quer dizer que supondo que o acionista controlador da companhia XPTO a qual você é acionista venda todas as suas ações, você e todos os outros acionistas minoritários têm o direito de vender suas ações para o novo controlador por no mínimo 80% do valor pago ao antigo acionista controlador.

Isso é interessante pois é um mecanismo de defesa para os acionistas minoritários pois ele dá praticamente o mesmo direito que o acionista controlador possui aos acionistas minoritários e isso dá uma maior segurança para os investidores além de fazer com que as ações das empresas que possuem Tag Along tenham uma maior liquidez.

No entanto, o Tag Along trás alguns efeitos colaterais para as ações das companhias que o possuem. O principal efeito é quando há alguma expectativa de troca de controle de ação, as ações dessa empresa passam a ter uma forte especulação visto que caso haja mesmo uma troca de controlador, o novo controlador terá que comprar (caso o acionista deseje) suas ações por um valor que geralmente é maior que o valor do mercado.

Por último, acredito ser importante falarmos que o Tag Along está previsto na legislação societária (Lei das S.A., Artigo 254-A) e que mesmo sendo obrigado apenas a dar esse direito para as ações ordinárias (ON), muitas Companhias estendem esse direito também para as ações preferenciais. Além de assegurarem, para os detentores das ações ordinárias, um valor superior aos 80%.

domingo, 8 de novembro de 2009

Período de Divulgação

Na semana passada começamos o penúltimo mês do ano de 2009 e muitas são as expectativas de quanto será o fechamento do Ibovespa no ano. Como todos sabem, essa é uma questão muito difícil de ser respondida pois além das variáveis normais, que já afetam o mercado, nesse ano, em razão da crise, outras variáveis que “não são tão importantes assim” para o mercado brasileiro passam a afetar o desempenho das nossas ações, ou no mínimo, servem como desculpa para que os investidores (principalmente os estrangeiros) realizem seus lucros.

No começo do ano era muito difícil algum analista acreditar que o Ibovespa alcançaria os 60.000 pontos ainda em 2009, muitos acreditavam que haveria uma recuperação, mas não que fosse praticamente voltar ao que era antes da crise. Dada essa super-valorização que tivemos até agora, parece que o Ibovespa vem perdendo um pouco da força de crescimento que possuía. Nessa última semana (primeira do mês de novembro) tivemos um crescimento de 2,91% do Ibovespa, já o mês de outubro, apresentou um crescimento de apenas 1,79%. Se pegarmos por exemplo o mês de julho (que não foi o melhor mês), o Ibovespa teve um crescimento de 6,25%.

No entanto, mesmo com a Bolsa apresentando um crescimento menor do que nos meses anteriores do ano, é claro que ainda é lucrativo investir na Bolsa.

Até o dia quinze de novembro estamos no período de divulgação de resultados, isso significa que todas as empresas que possuem ações na Bolsa de Valores são obrigadas a divulgarem seus resultados para o mercado. Assim, esse período é muito interessante para conseguirmos obter ganhos de curto prazo com empresas que apresentem bons resultados. Um exemplo disso, foi na sexta-feira quando as ações da Lojas Americanas subiram aproximadamente 6% em um dia em razão do bom resultado apresentado e do enorme plano de investimento que a Companhia pretende fazer nos próximos 4 anos.

Dessa forma, minha sugestão é para ficarmos atentos com a data que as empresas irão divulgar e com as expectativas do mercado para os resultados das empresas, pois assim, podemos obter lucros interessantes no curto prazo e também evitar perdas no curto prazo, com empresas que podem apresentar um resultado não tão satisfatório.

Uma última dica para esse período é que, caso você tenha ações de uma empresa que pode vir a não apresentar um resultado em linha com aquilo que o mercado espera e por isso ser penalizada, ou seja, sofrer uma redução no seu valor, é interessante, vender essas ações antes dela sofrer uma queda significativa e recomprá-la após essa queda. Assim, com a mesma quantidade de capital que você possuía 100 ações, por exemplo, consegue comprar uma quantidade maior de ações.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Lucrando com a variação

Nos últimos dias tanto as ações que compõe o índice Bovespa quanto ações de outras empresas listadas na Bolsa de Valores têm tido uma forte variação, chegando a subir 3%, 4% em um dia e a cair os mesmos 3%, 4% no outro dia.

Com essas grandes variações de um dia para o outro, surgem diversas oportunidades para aumentarmos os lucros com os nossos investimentos. Entretanto, se não tomarmos alguns cuidados e não termos uma certa disciplina e racionalidade essas variações fazem com que o rendimento caia, podendo ser até negativo.

Dessa forma, acredito que um assunto interessante para ser discutido é como podemos tirar vantagens dessa variação e obtermos bons lucros.

O primeiro ponto que eu acredito ser importante para obtermos bons lucros é determinarmos uma forma de atuarmos no mercado de capitais, ou seja definirmos uma estratégia e seguirmos essa estratégia do começo ao fim. Um exemplo do que devemos fazer é, por exemplo, determinarmos no momento da compra da ação o quanto de lucro queremos obter com essa ação e o quanto aceitamos perder com esse mesmo papel.

Isso quer dizer que seria interessante no momento da compra de uma ação XPTO determinarmos que o lucro com esse papel deve ser de, por exemplo, 20%. Assim, quando esse papel alcançar os 20% de lucro devemos vendê-lo e não ficarmos esperando para ver se esse papel subirá mais ou não. Claro que há a possibilidade da ação subir mais que os 20% e assim termos deixado de ganhar mais dinheiro. Mas, da mesma forma, há a possibilidade dessa ação bater os 20% de lucro e começar a cair. Assim, se não tivéssemos vendido, teríamos perdido uma parte do lucro.

Com o mesmo raciocínio, devemos determinar o quanto aceitamos perder com esse papel. Assim, por exemplo, determinarmos que aceitamos perder 5%. Caso a ação caia 5% devemos vendê-la e não ficarmos esperando para ver se esse papel voltará a subir. É bem possível que ele volte a subir, mas também é bem possível que ele volte a cair. Então, o melhor a fazermos é aceitarmos essa perda e investirmos em algum outro papel que acreditamos ter um maior potencial de valorização.

Outro ponto importante, principalmente para aquelas pessoas que desejam comprar uma ação e ficarem com ela por um longo período de tempo, é sabermos trabalhar com a venda e com a compra do papel. Isso quer dizer que não devemos comprar a ação XPTO e deixarmos na nossa carteira por um longo período. Como o mercado passa por variações, é importante sabermos vender o papel num determinado momento de alta e comprarmos o mesmo num momento de baixa. Quando fazemos isso, conseguimos comprar uma maior quantidade de ações dessa empresa, apenas aproveitando a variação do mercado.

Claro que não é tão fácil conseguirmos saber qual é a hora de comprarmos e vendermos uma determinada ação, mas quando a gente começa a acompanhar mais o mercado, a ler o que os analistas estão falando, isso se torna mais fácil. Com certeza não acertaremos o momento de compra e venda em todos os momentos, mas o mais importante é acertamos mais do que errarmos para, no final, termos rendimentos positivos.