Após esse anúncio, houve uma saída de capital das bolsas de valores de todo o mundo, principalmente no mercado asiático, onde estão os principais credores da Dubai World.
Como o mercado financeiro é extremamente globalizado, as ações brasileiras também foram penalizadas e sofreram uma queda. Entretanto, essa queda sofrida pela bolsa de valores brasileira não foi tão forte assim, e a Bovespa já mostrou uma recuperação no dia seguinte (sexta-feira passada).
Essa recuperação tanto do mercado brasileiro quanto do mercado europeu já no dia seguinte à declaração de moratória da Dubai World nos mostrou que esse problema não afetou tanto a economia mundial.
Entretanto, acho interessante para o tópico de hoje entendermos o porquê dessa empresa não estar conseguindo pagar suas dívidas, o que mostra que não obteve retorno nos seus investimentos.
Dubai, localizada nos Emirados Árabes, era uma cidade no meio do deserto que teve a sorte de estar numa região “lotada” de petróleo.
As famílias exploradoras de petróleo, que já enriqueceram muito, perceberam que não poderão se “sustentar” para sempre apenas com o petróleo, que mais cedo ou mais tarde a humanidade irá conseguir substituir grande parte da energia obtida através do petróleo por outros tipos de energia e que, consequentemente, perderão poder e dinheiro.
Para evitar isso, visando o longo prazo, resolveu-se construir uma cidade no deserto, um pólo de luxo e riqueza, e que fosse um ponto de ligação entre o Oriente e o Ocidente. A cidade a qual estamos falando é Dubai.
Essa cidade foi totalmente construída, nada nela é real, desde as ruas e prédios, até as praias em forma de palmeira (foto abaixo).
Com o início da construção da cidade e muito marketing envolvido, o governo de Dubai conseguiu criar um nome, uma marca, muitas pessoas famosas compraram apartamentos na cidade, essa passou a abrigar diversos torneios esportivos e começou a ser o tão falado ponto de ligação entre o Oriente e o Ocidente, a cidade onde a grande maioria dos aviões, por exemplo, faz sua escala.
Tudo estava indo como o esperado, entretanto, a crise do sub-prime apareceu e Dubai também sofreu as conseqüências. O baixo preço do petróleo fez com que a principal fonte de pagamento dos investimentos se reduzisse, somando-se o problema de liquidez, o qual o crédito ficou mais escasso e impedia que mais pessoas comprassem imóveis na região. E que com crise as pessoas viajam menos, reduzindo significativamente a quantidade de turistas (que gastam muito dinheiro) em Dubai.
Podemos afirmar que todas as fontes de recursos da Dubai World tiveram uma drástica redução na entrada de dólares, dificultando o pagamento de seus credores.
Ao acrescentarmos que essa é uma região que não possui nenhuma produção (além do petróleo), concluímos que estava claro que, em algum momento, isso iria acontecer. Tendo em vista que é muito difícil um país se financiar apenas do turismo e de gastos relacionados a isso.
Com relação ao mercado brasileiro, não acredito que seremos penalizados por essa crise em Dubai.
Em virtude do feriado norte-americano, na quinta-feira, ainda não conseguimos sentir realmente o humor dos EUA com relação a esse pedido, mas o Brasil já mostrou estar forte e os únicos que poderiam ter tido alguma perda com isso (os nossos grandes bancos) já declararam que não financiaram a Dubai World. Por isso, continuo acreditando que vale (e muito) a pena investir na Bolsa de Valores, claro com todos os cuidados
possíveis.