No último post fizemos uma análise sobre qual seria o melhor título para se investir hoje e chegamos à conclusão que o melhor a fazer seria investir nos títulos indexados ao IPCA. Além disso, deixei como pergunta, qual seria a melhor opção, dentre os títulos disponíveis hoje, para se investir antes da crise.
Antes de respondermos essa pergunta, acho interessante fazermos uma análise sobre a relação entre taxa de juros e taxa de inflação, visto que falamos bastante sobre ambas as taxas no post anterior.
Assim, vamos lá!
Atualmente (já faz algum tempo), o Banco Central trabalha com metas de inflação. Isso significa que os responsáveis pela política monetária brasileira decidem qual deve ser a taxa de inflação anual, podendo variar 2 pontos percentuais para cima ou para baixo, e trabalham variando a taxa de juros para chegar nesse objetivo.
Raciocinando de forma simplificada, podemos dizer o seguinte:
Quando o Banco Central percebe que a taxa de inflação está abaixo da sua meta, ele reduz a taxa de juros com o objetivo de aumentar a taxa de inflação. E, quando a taxa de inflação está acima da meta, o Banco Central aumenta a taxa de juros com o objetivo de reduzir a taxa de inflação.
O Banco Central age dessa forma pois as duas taxas estão muito ligadas. Mas antes de explicarmos o porquê delas estarem ligadas, vamos fazer uma observação:
No Brasil, por tudo que a nossa economia (e a população) já passou, nós temos a falsa idéia de que uma taxa de inflação positiva é ruim, no entanto isso não é verdade. O ruim, é uma taxa de inflação muito elevada, pois essa mostra o quão descontrolada está a economia do país, mas uma pequena taxa de inflação (como é a nossa hoje) é extremamente importante e boa para a economia. Ainda pior para a economia, é quando a taxa de inflação está negativa (deflação) pois isso mostra que a economia do país está desaquecida, ou seja, que as pessoas estão preferindo guardar grande parte do seu dinheiro para gastar no futuro a consumir no presente.
Agora que já sabemos o quão importante é o controle da taxa de inflação, vamos entender qual é a relação entre essas taxas.
Como já falamos, quando a taxa de inflação está caindo (abaixo da meta), o Banco Central (na reunião do COPOM), reduz a taxa de juros. A decisão tomada é de redução da taxa de juros pois o objetivo é aquecer a economia, e isso ocorre quando as pessoas passam a consumir mais no presente.
Com uma taxa de juros menor, nós iremos preferir consumir hoje a investir nosso dinheiro para consumir no futuro. Além disso, o custo do capital (dinheiro) será menor, assim as pessoas poderão fazer, por exemplo, um empréstimo, visto que a taxa de juros é menor.
Dessa forma, a demanda dos consumidores será maior do que antes, mas a oferta dos produtores não será proporcionalmente maior pois não é tão simples assim aumentar a produção. Assim, no final, a demanda pelos produtos será maior do que a oferta, fazendo com que os preços aumentem até que a demanda se iguale novamente com a oferta.
Com o aumento do preço dos produtos, há um aumento na taxa de inflação.
A dinâmica para a redução da taxa de inflação é a mesma, no entanto, inversa. Ou seja, quando a taxa de inflação está muito elevada, o Banco Central aumenta a taxa de juros a fim de reduzir o consumo (o custo do capital – dinheiro – aumenta) e assim, reduzir a taxa de inflação.
Esse assunto é de extrema importância para definir metas de investimento e, conseqüentemente, de lucratividade. Pois todos os investimentos estão ligados à taxa de juros e entendendo a taxa de inflação, conseguimos saber em qual direção a economia está caminhando.
Como exemplo, podemos citar o período por qual estamos passando de crise econômica onde em diversos países houve registros de deflação em alguns meses. Esses registros mostram o desaquecimento dessas economias, o quanto as pessoas estavam preferindo guardar seu dinheiro hoje para gastar no futuro. A medida tomada para conter essa deflação foi a redução da taxa de juros na grande maioria dos países (inclusive no Brasil)*, afim de aquecer a economia, estimulando, principalmente, o consumo. Pois reduzindo a taxa de juros o custo do capital fica menor, assim as firmas são incentivadas a investir mais e os consumidores a consumirem mais.
Respondendo a pergunta do post anterior, o investimento que deveria ter sido feito antes do agravamento da crise é de algum título pré-fixado, do tipo LTN ou NTNF. Essa seria a melhor decisão pois naquela época as taxas de juros não estavam tão baixas (comparadas com as de hoje) e com a crise a taxa de inflação reduziu muito, reduzindo assim os ganhos dos títulos indexados ao IPCA, por exemplo.
Com relação aos títulos indexados somente à taxa Selic, esses não seriam vantajosos pois pagam apenas a taxa Selic e essa também reduziu no decorrer da crise. Além disso, na época do investimento, há um ano, sua taxa de juros já era menor do que a taxa paga pelos títulos pré-fixados (LTN ou NTNF).
*A redução da taxa de juros não teve como único objetivo alterar a taxa de inflação, mas esse é um dos objetivos.
Um comentário:
Oi Pedro!
Achei muito legal o seu blog! Está simples, direto e bem didático!
Para ajudar (e ilustrar) vc poderia mostrar umas simulações de investimento, que vc acha? Com números e tudo...
Bjos,
Gabi.
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