terça-feira, 22 de setembro de 2009

Ibovespa - Rumo aos 70.000?

Nos últimos dias vimos o Ibovespa alcançar um patamar muito além do esperado pelos analistas no começo do ano, fazendo com que os analistas tivessem que rever as expectativas para o fim do ano. Muitos desses analistas esperavam que o Ibovespa terminasse o ano próximo aos 50.000 pontos, entretanto, na semana passada esse já alcançava os 60.000 pontos.

Dessa forma, acredito que seria interessante um post para discutirmos um pouco esse crescimento do Ibovespa e compará-lo com outros índices mundiais. Então, vamos lá!

Ao compararmos o crescimento do Ibovespa com os outros índices de bolsas mundiais veremos que o índice da bolsa de valores brasileira foi aquele que mais cresceu nesse ano de 2009. Para mostrarmos esse crescimento, temos abaixo um gráfico com a variação das principais bolsas de valores.

Observando esse gráfico, percebemos que todos os índices possuem uma grande relação, ou seja, quando, por exemplo, o índice Dow Jones está em queda, normalmente, os outros índices acompanham, também caindo. Quando o mesmo índice está subindo, os outros índices também acompanham subindo.

A grande diferença entre esses índices é o quanto variam, se pegarmos os dados de variação do ano passado, veremos que o Ibovespa sofreu uma queda muito mais violenta que outros índices estrangeiros. Da mesma forma, agora que o mercado está se recuperando, todos os índices estão crescendo, e o Ibovespa está crescendo mais do que os outros, por isso esse elevado crescimento.

Mas o que mais gostaríamos de saber não é apenas como o índice varia de acordo com os outros índices, mas sim o que podemos esperar para esses últimos meses de 2009 e começo de 2010.

Essa questão vem trazendo inúmeras divergências, a grande maioria dos analistas afirma que devemos esperar uma grande realização de lucros (principalmente por parte dos investidores estrangeiros). Uma grande realização de lucros, gera uma enorme venda de papéis pelos investidores e, consequentemente uma queda no mercado.

Entretanto, essa realização de lucros, já esperada há alguns meses, ainda não ocorreu, o que nos faz crer que o mercado ainda está comprando mais papéis do que vendendo (realizando lucros).

Adicionalmente, um ponto que nos faz crer que ainda não é a hora em que os participantes do mercado realizarão seus lucros é o superávit que a Bolsa vem apresentando com relação ao capital estrangeiro, isso nos mostra que o mercado externo continua acreditando que obterá altos lucros investindo no mercado brasileiro.

Outro fator que podemos levar em consideração para saber se o que está acontecendo com o mercado tem ou não fundamento, ou seja se esse crescimento no valor das ações está ou não baseado em dados concretos e não apenas em especulações, é avaliar os dados macroeconômicos.

Esses dados estão dando sinais de reação. Como exemplo dessa recuperação, podemos citar o PIB brasileiro que apresentou um crescimento, o que não vinha acontecendo. Além disso, tivemos também um aumento da produção industrial brasileira e a volta da inflação positiva no IGPM. No campo internacional, um importante índice a ser analisado é o número de pedidos de seguro-desemprego nos EUA. E esse também vem apresentando reduções no decorrer do segundo semestre, o que significa que a cada mês uma menor quantidade de pessoas está ficando desempregada.

Dessa forma, podemos dizer que o mercado está de fato recuperando uma parte daquilo que perdeu durante a crise no ano passado, no entanto, devemos olhar com extrema atenção esses valores pois não sabemos até que o ponto o Ibovespa está subindo por pura recuperação do mercado ou por um simples “efeito manada”, onde os investidores desejam comprar mais ações assim o preço sobe, mais investidores desejam comprar mais ações, fazendo o preço subir novamente e assim sucessivamente.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Taxa de Juros e Taxa de Inflação

No último post fizemos uma análise sobre qual seria o melhor título para se investir hoje e chegamos à conclusão que o melhor a fazer seria investir nos títulos indexados ao IPCA. Além disso, deixei como pergunta, qual seria a melhor opção, dentre os títulos disponíveis hoje, para se investir antes da crise.

Antes de respondermos essa pergunta, acho interessante fazermos uma análise sobre a relação entre taxa de juros e taxa de inflação, visto que falamos bastante sobre ambas as taxas no post anterior.

Assim, vamos lá!

Atualmente (já faz algum tempo), o Banco Central trabalha com metas de inflação. Isso significa que os responsáveis pela política monetária brasileira decidem qual deve ser a taxa de inflação anual, podendo variar 2 pontos percentuais para cima ou para baixo, e trabalham variando a taxa de juros para chegar nesse objetivo.

Raciocinando de forma simplificada, podemos dizer o seguinte:

Quando o Banco Central percebe que a taxa de inflação está abaixo da sua meta, ele reduz a taxa de juros com o objetivo de aumentar a taxa de inflação. E, quando a taxa de inflação está acima da meta, o Banco Central aumenta a taxa de juros com o objetivo de reduzir a taxa de inflação.

O Banco Central age dessa forma pois as duas taxas estão muito ligadas. Mas antes de explicarmos o porquê delas estarem ligadas, vamos fazer uma observação:

No Brasil, por tudo que a nossa economia (e a população) já passou, nós temos a falsa idéia de que uma taxa de inflação positiva é ruim, no entanto isso não é verdade. O ruim, é uma taxa de inflação muito elevada, pois essa mostra o quão descontrolada está a economia do país, mas uma pequena taxa de inflação (como é a nossa hoje) é extremamente importante e boa para a economia. Ainda pior para a economia, é quando a taxa de inflação está negativa (deflação) pois isso mostra que a economia do país está desaquecida, ou seja, que as pessoas estão preferindo guardar grande parte do seu dinheiro para gastar no futuro a consumir no presente.

Agora que já sabemos o quão importante é o controle da taxa de inflação, vamos entender qual é a relação entre essas taxas.

Como já falamos, quando a taxa de inflação está caindo (abaixo da meta), o Banco Central (na reunião do COPOM), reduz a taxa de juros. A decisão tomada é de redução da taxa de juros pois o objetivo é aquecer a economia, e isso ocorre quando as pessoas passam a consumir mais no presente.

Com uma taxa de juros menor, nós iremos preferir consumir hoje a investir nosso dinheiro para consumir no futuro. Além disso, o custo do capital (dinheiro) será menor, assim as pessoas poderão fazer, por exemplo, um empréstimo, visto que a taxa de juros é menor.

Dessa forma, a demanda dos consumidores será maior do que antes, mas a oferta dos produtores não será proporcionalmente maior pois não é tão simples assim aumentar a produção. Assim, no final, a demanda pelos produtos será maior do que a oferta, fazendo com que os preços aumentem até que a demanda se iguale novamente com a oferta.

Com o aumento do preço dos produtos, há um aumento na taxa de inflação.

A dinâmica para a redução da taxa de inflação é a mesma, no entanto, inversa. Ou seja, quando a taxa de inflação está muito elevada, o Banco Central aumenta a taxa de juros a fim de reduzir o consumo (o custo do capital – dinheiro – aumenta) e assim, reduzir a taxa de inflação.

Esse assunto é de extrema importância para definir metas de investimento e, conseqüentemente, de lucratividade. Pois todos os investimentos estão ligados à taxa de juros e entendendo a taxa de inflação, conseguimos saber em qual direção a economia está caminhando.

Como exemplo, podemos citar o período por qual estamos passando de crise econômica onde em diversos países houve registros de deflação em alguns meses. Esses registros mostram o desaquecimento dessas economias, o quanto as pessoas estavam preferindo guardar seu dinheiro hoje para gastar no futuro. A medida tomada para conter essa deflação foi a redução da taxa de juros na grande maioria dos países (inclusive no Brasil)*, afim de aquecer a economia, estimulando, principalmente, o consumo. Pois reduzindo a taxa de juros o custo do capital fica menor, assim as firmas são incentivadas a investir mais e os consumidores a consumirem mais.

Respondendo a pergunta do post anterior, o investimento que deveria ter sido feito antes do agravamento da crise é de algum título pré-fixado, do tipo LTN ou NTNF. Essa seria a melhor decisão pois naquela época as taxas de juros não estavam tão baixas (comparadas com as de hoje) e com a crise a taxa de inflação reduziu muito, reduzindo assim os ganhos dos títulos indexados ao IPCA, por exemplo.

Com relação aos títulos indexados somente à taxa Selic, esses não seriam vantajosos pois pagam apenas a taxa Selic e essa também reduziu no decorrer da crise. Além disso, na época do investimento, há um ano, sua taxa de juros já era menor do que a taxa paga pelos títulos pré-fixados (LTN ou NTNF).

*A redução da taxa de juros não teve como único objetivo alterar a taxa de inflação, mas esse é um dos objetivos.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Diferença entre os títulos

Após ter aberto uma conta na corretora e já ter decidido qual será o valor investido (lembrando que você não deverá contar com esse dinheiro até o vencimento do título), chegamos ao último passo para começarmos a investir em títulos do governo, decidir qual título comprar.

Há diversos tipos de títulos e cada um tem uma determinada particularidade, o que faz com que muitas vezes as pessoas sintam-se um tanto quando perdidas ao tentarem decidir qual dos títulos é o melhor investimento.

Dentre os muitos títulos que existem no mercado, temos hoje disponíveis três opções de compra:

1.Títulos indexados ao IPCA (NTNB e NTNB Principal)
2.Títulos prefixados (LTN e NTNF)
3.Títulos indexados à taxa Selic (LFT)

As principais características de cada título são:

1.NTNB: sua rentabilidade é vinculada com a variação do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), além de uma taxa de juros definida no momento da compra. O pagamento da taxa de juros ocorre todo semestre (o chamado cupom de juros) e o resgate do valor nominal (atualizado) ocorre na data de vencimento.

2.NTN-B Principal: da mesma forma que o título NTNB, sua rentabilidade também é vinculada à variação do IPCA, acrescida de uma taxa de juros definida no momento da compra. Entretanto não há o pagamento do cupom de juros, recebendo todo o valor na data de vencimento do título.

3.LTN: sua rentabilidade é definida no momento da compra, o resgate do valor do título ocorre no dia do vencimento. Cada título tem um valor de R$ 1.000,00 (no vencimento).

4.NTNF: assim como a LTN, sua taxa de juros é definida no momento da compra, entretanto, quem possui esse título recebe o pagamento de juros semestralmente. O resgate do valor nominal ocorre na data de vencimento do título.

5.LFT: sua rentabilidade é vinculada à taxa Selic, tanto o pagamento do juros quanto do valor nominal ocorre na data do vencimento do título.

Agora que conseguimos fazer uma distinção entre os diversos tipos de títulos existentes, seria interessante sabermos qual é o melhor título a se comprar dado o momento atual da economia.

Assim, levando em consideração a última reunião do COPOM (Comitê de Política Monetária), que decidiu manter a taxa de juros no valor de 8,75% ao ano, podemos chegar à conclusão que o melhor título a se comprar é o vinculado ao IPCA.

Mas qual é o raciocínio utilizado para chegarmos a essa conclusão?

Concluímos que dentre as diversas opções do Tesouro Direto, a melhor opção de investimento é o título indexado ao IPCA pois no momento os economistas e analistas do mercado não acreditam que o taxa de juros irá cair ainda mais, principalmente tendo em vista que na última reunião essa foi mantida, e não mais reduzida como vinha acontecendo.

Dessa forma, tendo como premissa que a taxa de juros deverá se manter em 8,75% a.a. ou até mesmo ser elevada no ano que vem, não é uma boa opção comprar um título “totalmente” pré-fixado (LTN e NTNF) pois sua rentabilidade é definida com base na taxa de juros cobrada hoje e não na taxa de juros que pode ser cobrada no final do ano que vem, por exemplo.

Os títulos indexados à taxa Selic também não são uma boa opção pois esses títulos pagam apenas a taxa de juros Selic e se fizermos uma comparação com o quanto os outros títulos pagam, esse está pagando um valor final baixo.

Essa é a melhor escolha pois ele paga um valor pré-definido na data da compra, acrescido da taxa do IPCA. Essa "soma" de juros é a mais rentável dentre as opções pois no atual momento da economia brasileira a taxa de inflação está consideravelmente controlada pelas políticas monetárias.
Mas e se fossemos comprar títulos antes da crise que estamos passando, ou seja no ano passado, qual seria o melhor título? A resposta para essa pergunta virá no próximo post...







terça-feira, 1 de setembro de 2009

Desmistificando o Título do Governo

Assim como para você investir em ações precisa ter um conhecimento sobre o mercado financeiro, ter algum motivo para acreditar que uma determinada empresa XPTO trará um retorno maior do que outra empresa, para investir em títulos do governo você também precisa ter um certo conhecimento de como funciona esse mercado (de títulos).

Obviamente ele é mais simples e fácil de entender do que o mercado de ações, entretanto, da mesma maneira que os outros mercados, esse também possui suas peculiaridades.

Muitas pessoas ficam interessadas em saber como se faz para comprar títulos do Tesouro pela internet, se isso é fácil, qual é o valor mínimo etc. Podemos dizer que essa é a parte mais fácil de todo o processo, não é preciso ter uma grande quantidade de capital para investir (com apenas R$300,00 já pode começar a investir) e para começar a comprar/vender títulos do Tesouro Nacional basta entrar no site do Tesouro Direto (http://www.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro_direto) , se cadastrar e escolher um dos Agentes de Custódia (corretora), abrir uma conta e passar a operar por intermédio dessa corretora.

O próprio site do Tesouro Direto mostra uma tabela com o ranking das taxas cobradas pelas corretoras:(http://www.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro_direto/download/ranking/ranking_taxas.pdf). No mesmo site você também encontra uma lista com todas as corretoras que são habilitadas no Tesouro Direto: (http://www.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro_direto/instituicoes_index.asp).

Terminada essa parte burocrática, você precisa escolher qual o título irá comprar. Para isso, deve-se entender que um investimento em títulos do Tesouro Direto é de médio/longo prazo. Assim, caso você acredite que precisará do dinheiro no próximo mês, ou até mesmo no mesmo ano, não deve investir nesse tipo de investimento, pois se retirar o dinheiro antes do prazo de vencimento, seu rendimento será bastante reduzido, visto que o imposto pago é maior do que se paga na data do vencimento.

Para entender melhor o quanto se perde ao vender um título antes de um determinado período ou do seu vencimento, segue abaixo o valor das taxas cobradas:

a) 22,5% do rendimento em aplicações com prazo máximo de 180 dias*
b) 20,0% do rendimento em aplicações entre 181 dias até 360 dias*
c) 17,5% do rendimento em aplicações entre 361 dias até 720 dias*
d) 15,0% do rendimento em aplicações com prazo acima de 720 dias*

O próximo ponto é saber qual o melhor título que deve ser comprado (pré-fixado, indexado ao IPCA, indexado à taxa Selic) e qual o prazo do seu investimento e isso será discutido no próximo post.


*Esses valores são para investimentos a partir de 1º de janeiro de 2005, para investimentos anteriores a essa data, há uma tributação diferente.