domingo, 7 de fevereiro de 2010

Entendendo a queda da Bolsa

A primeira semana do mês de fevereiro definitivamente não começou de forma positiva para o mercado mundial. Em razão de vários fatores (que discutiremos hoje aqui) todas as bolsas mundiais apresentaram uma forte queda. A bolsa brasileira teve uma redução de 4,4%, no ano a queda já chega a 8,5%.

Foram divulgados nessa semana alguns dados (brasileiros e estrangeiros) de grande importância. Começando pelos dados brasileiros, no começo da semana foi divulgado a Ata da Reunião do Copom. Nessa ata, o Comitê de Política Monetária afirmou que está atento com a taxa de inflação, deixando entender que deverá dar continuidade no processo para elevar a taxa de juros nos próximos trimestres. Já na sexta-feira, o IBGE divulgou o IPCA de janeiro, uma alta de 0,75% dos preços. Com esse valor, a variação acumulada para os últimos 12 meses é de 4,59%, já a variação dos últimos 3 meses está em 6,29%. O IPCA de janeiro veio mais forte do que o esperado pelo mercado e faz com que acreditemos ainda mais na possibilidade de que haja um aumento na taxa de juros.

No mercado externo a semana também foi bastante agitada, não só pela divulgação de diversos dados econômicos importantes, mas também pelo temor que a dívida de alguns países vem causando no mercado. Dentre todos os dados divulgados no mercado internacional nessa semana, sem dúvida alguma, o mais importante foi o relacionado ao mercado de trabalho norte-americano (payroll), divulgado na sexta-feira. A expectativa do mercado era que a taxa de desemprego se mantivesse estável em 10%, no entanto, essa veio um pouco abaixo do esperado, 9,7%, o que mostrou que o mercado de trabalho dos EUA vem se recuperando lentamente. Entretanto, isso não foi o suficiente para deixar o mercado animado.

O que mais influenciou o andamento do mercado nessa semana foram as dúvidas com relação a estabilidade da zona do Euro, uma vez que países como Grécia, Portugal e Espanha estão apresentando um elevado endividamento. O grande medo do mercado é que o plano criado para redução do déficit orçamentário da Grécia não seja eficiente e que países como Portugal e Espanha, que já estão fortemente endividados, também precisem de uma ajuda mais robusta.

Por fim, outro fator responsável pela redução de valor das Companhias abertas, ou seja uma redução de todas as bolsas, é o fraco resultado que muitas empresas estão apresentando. Como já havíamos falado, estamos em época de divulgação dos resultados do quarto trimestre de 2009 e, consequentemente, do ano de 2009. Muitas empresas não estão apresentando resultados tão bons quanto o esperado pelo mercado e isso contribui muito para que o mercado não fique tão otimista com o futuro e passe a vender mais as ações do que comprá-las.

Para essa segunda semana de fevereiro, não teremos a divulgação de muitos dados, nos Estados Unidos, o destaque é para os números das Vendas do varejo. Já na Europa, o destaque é para a divulgação do PIB do quarto trimestre para os países da Zona do Euro.

ps.: em virtude do feriado de Carnaval, o blog não será atualizado no próximo domingo. Bom feriado!

2 comentários:

Unknown disse...

Pedro, gostei muito do seu blog.
Dentre os países europeus que se encontram em posição de endividamento a Grécia tem levado um foco maior, com declarações por exemplo de que seu grande endividamento ameaçava a soberania nacional do país. Além dos citados no seu post a Itália também se encontra em uma situação delicada.
Um ponto que eu observei quanto ao lucro das empresas e que achei interessante de ser comentado aqui, é a disparidade das demonstrações contábeis nos padrões local e IFRS que confudem alguns investidores como o lucro do Grupo Santander que teve lucro de 1.8 bilhões no padrão local e 5.5 bilhões no padrão IFRS (principal razão é a amortização do ágio que segue regras diferentes no dois padrões)
Voltarei para mais visitas ao seu blog!
Abraço

Pedro Lorena disse...

Alana, muito bem comentado os dois pontos, tanto com relação à Itália que é um país com uma economia bem maior do que Portugal, Espanha e Grécia, e se também tiver com problemas de endividamento, deve afetar muito mais a economia do Euro. Quanto o seu comentário sobre a disparidade nos diferentes padrões contábeis, a razão a qual devemos ficar sempre atentos na hora de compararmos os resultados.

Volte sempre no blog!