domingo, 28 de fevereiro de 2010

Semana "de lado"; mês positivo

Nessa última semana de fevereiro o índice Bovespa andou “de lado”, entretanto, mesmo com a continuação dos rumores no mercado externo, a bolsa brasileira fechou em alta de 1,69% no mês. Abaixo, um gráfico da variação do índice Bovespa desde o começo do ano.


No mercado interno, um dos acontecimentos mais importantes da semana foi a alteração do Banco Central no compulsório, criando novas medidas que entrarão em vigor a partir de 22 de março de 2010. Como resultado dessa alteração no compulsório veremos uma redução da liquidez do sistema financeiro, principalmente dos bancos de menor porte, visto que a alíquota de recolhimento voltou a ser de 15% e não mais de 13,5%, como era desde o início da crise mundial. No entanto, essa decisão não afetou tanto o mercado pois os bancos já haviam re-estabelecido sua liquidez, por esse motivo, essa medida já era um tanto quanto esperada pelo mercado.

Além desse anúncio do Banco Central, a semana brasileira foi bastante tranqüila, exceto pela “avalanche” de empresas que divulgaram os seus resultados, evento que deve continuar ocorrendo até o final do mês de março.

Já no mercado internacional a semana foi bem mais agitada, a começar pela mesma discussão sobre o futuro de alguns países europeus que se encontram altamente endividados, em especial a Grécia. Nessa semana, o mercado deu sinais que as agências de rating poderiam rebaixar o rating da dívida da Grécia, além disso, uma grande greve de trabalhadores ocorreu na quarta-feira, em protesto aos gastos do governo. Além disso, declarações dos inspetores da União Européia sobre a enorme dificuldade que a Grécia terá para cumprir a meta fiscal e do premiê grego que os piores temores sobre a economia grega foram confirmados fizeram com que o mercado externo (principalmente o europeu) fossem penalizados durante a semana.

Acredito ser interessante fazermos uma breve discussão sobre o que está acontecendo com a Grécia e como, na minha opinião, o mercado entende e tem agido com relação a isso. Em termos de participação no mundo, a economia grega não é tão importante, representando uma porcentagem muito pequena tanto em termos mundiais quanto em termos europeus. No entanto, todas as economias mundiais (principalmente a Europa), está atenta com o desenrolar dos acontecimentos pois “querendo ou não” a Grécia faz parte da zona do Euro e uma quebra do país, que tem o Euro como moeda, afetará toda a economia do Euro. Além disso, há algumas regras na zona do Euro que quando, por exemplo, um país tem um forte índice de endividamento ele deve sair da zona do Euro, o que faria com que a Grécia ficasse ainda mais quebrada. Assim, na minha opinião, o maior medo do mercado mundial é que a Europa não tenha força suficiente para ajudar a Grécia e que a crise grega se espalhe para outros países fracos como Portugal, Espanha e Itália(que já é uma economia maior)...

Para essa primeira semana de março, dentre os dados que serão divulgados, o maior destaque será a divulgação dos dados de emprego nos Estados Unidos (payroll) que acontecerá na sexta-feira. No Brasil, devemos destacar a quinta-feira, quando serão divulgados os dados da Anfavea de produção e venda de veículos.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Semana de recuperação

Após o feriado de Carnaval, tivemos uma semana pequena e rápida para o mercado de ações, no entanto, com uma razoável recuperação. O índice Bovespa teve uma valorização de 2,65% na semana.

Podemos dizer que, essa semana, para o mercado brasileiro, foi morna tanto com relação à divulgação de dados quanto com relação à divulgação de resultados das Companhias. O principal dado divulgado na semana foi o do Caged, sobre o número de empregos criados no mês de janeiro, algo que surpreendeu positivamente o mercado. No mês de janeiro foram criados pouco mais de 181 mil empregos, 40 mil empregos a mais do que o previsto pelo ministro do trabalho Carlos Lupi. Ainda discutindo os dados do Caged, no mês de janeiro, tivemos 1.410.462 pessoas admitidas (empregos formais), enquanto que foram demitidas 1.229.043 pessoas.

Esse aumento no número de empregos é bastante positivo pois o mercado não acredita que teremos alguma recessão na economia brasileira num futuro próximo, assim, possivelmente, nos próximos meses o número de novos trabalhadores deve continuar aumentado.

Já no mercado externo, o mercado continua apreensivo com relação aos países europeus: Grécia, Portugal e Espanha (já discutido em posts anteriores), entretanto, nas últimas conversas, a Zona do Euro passou a dar sinais de que deverá ajudar esses países a saírem do endividamento, visando a “harmonia” da economia européia. Isso soou como algo positivo, pois mostra que os outros governos estão preocupados e interessados na resolução desses problemas.

Outro assunto bastante importante no mercado internacional foi o inesperado anúncio do FED do aumento de 0,25% na taxa de redesconto e redução do prazo máximo de vencimento dos empréstimos de 28 dias para o overnight (1 dia). Isso mostra que o governo norte-americano está começando a desmontar o esquema criado para recuperar o sistema financeiro após a crise mundial. Mesmo assim, o FED afirmou que ainda manterá a taxa de juros entre 0% e 0,25%, como vem mantendo desde o início da crise.

Entretanto, esse aumento na taxa de redesconto faz com que o mercado fique mais atento com relação às ações do FED e passe a temer que o fim das baixas taxas de juros seja mais rápido que o esperado.

Para essa semana, devemos ficar atentos à divulgação de alguns dados bastante importantes. No Brasil, serão divulgados os dados sobre as vendas do varejo e a taxa de desemprego. Já no mercado mundial, devemos ficar atentos à divulgação dos dados revisados do PIB norte-americano do 4º trimestre. Na Europa, a Zona do Euro divulgará os dados de novos pedidos da indústria e o índice de confiança da indústria e do consumidor.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Entendendo a queda da Bolsa

A primeira semana do mês de fevereiro definitivamente não começou de forma positiva para o mercado mundial. Em razão de vários fatores (que discutiremos hoje aqui) todas as bolsas mundiais apresentaram uma forte queda. A bolsa brasileira teve uma redução de 4,4%, no ano a queda já chega a 8,5%.

Foram divulgados nessa semana alguns dados (brasileiros e estrangeiros) de grande importância. Começando pelos dados brasileiros, no começo da semana foi divulgado a Ata da Reunião do Copom. Nessa ata, o Comitê de Política Monetária afirmou que está atento com a taxa de inflação, deixando entender que deverá dar continuidade no processo para elevar a taxa de juros nos próximos trimestres. Já na sexta-feira, o IBGE divulgou o IPCA de janeiro, uma alta de 0,75% dos preços. Com esse valor, a variação acumulada para os últimos 12 meses é de 4,59%, já a variação dos últimos 3 meses está em 6,29%. O IPCA de janeiro veio mais forte do que o esperado pelo mercado e faz com que acreditemos ainda mais na possibilidade de que haja um aumento na taxa de juros.

No mercado externo a semana também foi bastante agitada, não só pela divulgação de diversos dados econômicos importantes, mas também pelo temor que a dívida de alguns países vem causando no mercado. Dentre todos os dados divulgados no mercado internacional nessa semana, sem dúvida alguma, o mais importante foi o relacionado ao mercado de trabalho norte-americano (payroll), divulgado na sexta-feira. A expectativa do mercado era que a taxa de desemprego se mantivesse estável em 10%, no entanto, essa veio um pouco abaixo do esperado, 9,7%, o que mostrou que o mercado de trabalho dos EUA vem se recuperando lentamente. Entretanto, isso não foi o suficiente para deixar o mercado animado.

O que mais influenciou o andamento do mercado nessa semana foram as dúvidas com relação a estabilidade da zona do Euro, uma vez que países como Grécia, Portugal e Espanha estão apresentando um elevado endividamento. O grande medo do mercado é que o plano criado para redução do déficit orçamentário da Grécia não seja eficiente e que países como Portugal e Espanha, que já estão fortemente endividados, também precisem de uma ajuda mais robusta.

Por fim, outro fator responsável pela redução de valor das Companhias abertas, ou seja uma redução de todas as bolsas, é o fraco resultado que muitas empresas estão apresentando. Como já havíamos falado, estamos em época de divulgação dos resultados do quarto trimestre de 2009 e, consequentemente, do ano de 2009. Muitas empresas não estão apresentando resultados tão bons quanto o esperado pelo mercado e isso contribui muito para que o mercado não fique tão otimista com o futuro e passe a vender mais as ações do que comprá-las.

Para essa segunda semana de fevereiro, não teremos a divulgação de muitos dados, nos Estados Unidos, o destaque é para os números das Vendas do varejo. Já na Europa, o destaque é para a divulgação do PIB do quarto trimestre para os países da Zona do Euro.

ps.: em virtude do feriado de Carnaval, o blog não será atualizado no próximo domingo. Bom feriado!